domingo, 27 de fevereiro de 2011

O Sofá (décima segunda parte)



Há muitas maneiras de resolver algum problema. Como há vários tipos de problemas.
Eu perdi o meu sofá.
Tenho andado a procura de um novo sofá. Porém não é fácil encontrar um novo, uma vez que se acostumou com aquele que se foi. Tanta coisa já viveu e ele foi ora expectador, ora protagonista de momentos bons e ruins. Aquele jogo decisivo do timão, aquela conversa secreta com a amiga. Aquele cochilo gostoso depois do almoço ou aquele amasso caliente com...Foram tantos que é melhor não comentar aqui.Rio neste momento, muitos podem não gostar, outros ficaram assanhadinhos... cada um sua reação particular, afinal é um segredo revelado. Tudo uma questão de idiossincrasias.
E voltemos ao sofá.
Ainda estou formulando luto. Por falar em luto...isso lembra morte.Óbvio não é?! Ou não...
Difícil é perder alguém e estou começando a ter certeza que mais difícil ainda, é perder alguém que continua vivo. Quando a perda acontece distância é como comer sem sentir o sabor...é caminhar e não sentir o chão...aquele aperto forte no coração.
Recostei-me na proteção da ponte, lá embaixo muitos carros vão e vem em alta velocidade, no fluxo contínuo de vidas anônimas. No céu o sol ainda brilha, mesmo que fracamente.
Fito o infinito. O tempo passa. O prenúncio do pôr-do-sol se mostra. De súbito viro-me e o sol se foi. Novamente perdido em meus pensamentos não o encontrei. Só me acompanha a saudade...
Terei que continuar esperando na escuridão, um novo dia, na esperança da saudade desaparecer.
Da viagem dos meus pensamentos voltei. O sofá que observava pela vitrine da loja, agora não me parece ser tão confortável como o de antes.
Então volto a caminhar em busca do meu sofá.

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