Como naqueles
filmes onde alguém para e fica a olhar o caminhão de mudanças cada vez mais se
afastar, assim me sinto. Parado fitando o infinito como se alguém estivesse
partido. A ausência dentro em mim me entorpeceu. As coisas a redor não estão
como antigamente. Os móveis foram levados no caminhão de mudanças.
Levaram até
mesmo o sofá.
Parado estou.
Tentando pensar no que pensar! E agora levaram o meu sofá!
Ou será que eu
me desfiz dele?
Sabe quando
chega aquele momento da vida, no qual temos que abrir mão de algumas coisas,
que ocupam espaços desnecessários dentro de casa, ou no guarda-roupas...enfim,
abandonei o meu sofá.Abandonar não sei se é a palavra correta. Estou tentando
encontrar o correto a se dizer aqui. Ainda não encontrei, portanto vou devaniando...
ou não.Quem sabe para você fará sentido ou terá um sentido diferente do meu ou
do outro.Aquele outro...sempre existe o outro...o que admiramos, ou o que
detestamos.O que nos ensina, ou o que só passa representando o outro na vida.
Estou à
procura de um novo sofá.
Não sei ainda
de qual cor. Não sei ainda de qual modelo. Não sei ainda de qual valor. Não sei
ainda nem onde pôr. Só sei que de um novo sofá preciso.
Agora sentado
a beira da estrada, brinco com umas pedrinhas à beira do meio fio da calçada.
Agora à beira do caminho começo a enxergar coisas novas. Paro como um menino a
contemplar...
Levaram o meu
sofá.